Turbilhões
Pareço um cão a andar atrás da sua cauda.
Rodopio, rodopio, rodopio. É um êxtase ser assim, à procura de mim.
Mas nesse constante rodopio, paro, olho, e descubro o desafio que é ser-se assim.
Quanto mais mergulho e mais desço até ao fundo do poço,
Mais o cheiro a fundo, a lama e lodo me invadem as narinas,
O frio arrepia-me a pele,
Mas sei que tenho que continuar a descer.
Voltei ao poço iniciático.
Lá, sozinha, por minha vontade, desci.
Ainda estou a descer...
Agarro-me ao corrimão nas últimas escadas esperando ver rapidamente a luz do dia,
Mas percebo que só a vejo olhando para cima,
Para o patamar que deixei para trás.
E quando chego ao fim,
Olho para trás como sempre,
E penso como terei chegado ali apesar do medo.
Olhei em frente e apenas vi mais um túnel húmido,
Branco-amarelado e iluminado,
Que me guiou novamente ao jardim-pérola de Sintra.
E hoje? Que caminho Tomar?
(se a resposta lá estivesse, lá voltaria de novo, também sozinha).