Da dissecação corporal e emocional que é reescrever um CV
Reescrever um CV é sempre para mim um exercício de dilaceração interna.
Talvez porque eu não consiga existir separada (no sentido emocional e racional e tenho o DAMÁSIO a dar-me palmadinhas nas costas e a dizer que eu tenho razão) o simples processo de rasgar, reescrever, polir, limar dá-me volta ao estômago.
Talvez ande nestes dois últimos dias como disse a M. na #teamnataazeda, talvez seja a minha crença de base de que todo o exercício de síntese me obriga a uma renúncia, e de que eu não quero ter que renunciar à minha essência complexa, agora que ando num exercício de auto-amor e aplicação de cola e fita cola e bostik e chiclete a todas as partes que eram minhas e que foram outrora cedidas e perdidas quando em relação com o mundo só para poder "encaixar" fazer o "fit". Fodam-se. Tou cansada. Chega. E chega mesmo.
Dentro de mim, quando começam a dizer que sou demais, que tenho energia a mais, ideias a mais, quero viver demais, quero sentir de mais, começou uma revolução interna que só se pode resumir ao seguinte gif:
e que tem alimentado a minha tentativa de sanidade mental. Se eu gosto de escrever muito VOU ESCREVER CARALHO! Deixem-me. E com palavrões. Simplesmente porque também sei aceder ao meu lado de VERBORREIA CAMONIANA e por conseguinte saber como me comportar caso algum dia tenha que jantar à mesa do nosso novo e contínuo presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
Entendei isto de uma vez: Se eu me sei comportar em qualquer contexto então eu posso, devo e VOU ESCOLHER de que forma me quero comportar e como me vou mostrar. As vossas percepções também têm que começar a ser desafiadas e se calhar se vos aparece uma engenheira como eu que é simultaneamente apaixonada por pessoas e é professora de yoga em vez de começarem a achar que ela é "esquisita" "freak" e "weird" deveria fomentar a vossa curiosidade para saberem mais seus cabeças de caralho!
Não posso e não devo ser só eu a mudar o meu discurso e o som da minha flautinha de Hamlin, é o vosso ouvido que também tem que aumentar o espectro e deixar esses estereótipos e heurísticas (que apesar de eu adorar a palavra caralho sei o que significa) de lado.
Obrigada e um queijo.
(com e sem lactose, e quiçá vegan para incluir todes)
Fui (ainda um bocadinho azeda).
Espero não bolsar.