Organizar, limpar, deitar fora...
...esta vida de dona de casa está a dar cabo de mim, pa pa ra para para para para pariiiiii.
Estou desempregada como vossas excelsas pessoas sabem, porque aqui a gaja tem a mania de bradar essa merda aos ventos (inclusive às senhoras com quem ocasionalmente se encontra nas máquinas de lavar self-service como forma de obter eventual pena, peninha, ou revolta conjunta pelo que me fizeram... psicólogos diriam que eu ainda não tenho isto resolvido... e eu diria que eles têm razão. Continuo a achar que o que me fizeram não se faz apesar de achar que eles perderam muito mais do que eu. Bois. Enfim...) mas com muito trabalho entre mãos.
Desde que vi no horizonte a possibilidade de ficar por casa neste modo temporário que decidi que iria fazer o que ainda não tinha tempo para ser feito - ARRUMAR A CASA. Mas arrumar não é limpar o pó, que esse continua a acumular bolinhas de cotão rolantes pelos cantos... É sim, remover tudo o que é excesso e já não funciona, e deixar "espaço para respirar" (como diz irritantemente o meu namorado, que note-se não tem culpa nenhuma do que diz e de como isto me irrita, mas é assim que o sinto porque eu gosto de espaços vazios para preencher. Mea culpa)
Deste modo decidi começar pelos livros a mais, comecei a olhar genuinamente para todos eles e fazer a dificílima tarefa de assumir "não te vou ler gajo... eu sei disso..." e decidir pôr de lado. Ora pois que de repente tinha uma fucking pilha de livros que me doeu na alma (mas já vários espaços vazios para respirar...*cara de enfado*) e decidi que a sua "morte" não poderia ser feita de forma breve e vazia, pelo que num momento de loucura e epifania decidi que os iria doar a pessoas aleatórias na rua, deixando-os em bancos de jardim do meu bairro, com um post-it cor-de-rosa-piroso-mas-bem-visível a dizer "Estou desinfetado e sou grátis. Leve-me consigo para lhe fazer companhia durante este novo confinamento". Posso dizer-vos que em alguns casos fiquei a observar a reação impagável das pessoas que ora se aproximavam ora se afastavam ora acabavam por levar os livros consigo com um sorriso de criança que havia encontrado um berlinde perdido na rua. Valeu a pena. Adoro que o meu cerébro tenha em si, a par das suas doideiras, insónias, ansiedades, e sinapses meio fodidas, estas ideias de génio (e não me fodam a cabeça que eu não sou nada convencida mas esta ideia merece o meu "approval")
Não obstante, hoje continuo em limpezas e arrumações do meu "espaço das artes" e puta que pariu que já deito folhas, folhinhas, papéis, cadernos, pastéis de óleo, secos, gizes e outros que tais "pelojolhos" meninos.
Por essa razão, fui (ser dona de casa desesperada e desempregada com a mania de pôr a casa a respirar mesmo que contrariada e sabendo que no fim vai valer a pena.)