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Humorário

(um diário de rir para não chorar)

(um diário de rir para não chorar)

Humorário

29
Ago22

Voltei, voltei, voltei de lá

Humorosa

Dizem que às vezes precisamos de nos afastar para depois podermos ver melhor o que precisamos para nós. E eu preciso de escrever como de pão para a boca. Correndo o risco de vos aborrecer novamente com crises de ansiedade e outras coisas que tais, venho por este meio partilhar convosco a minha realidade 3.0, já atualizada, em que essas crises tomaram agora o revestimento daquilo que, mal e porcamente pesquisado no google se chama, crise existencial. Dizem que isto é normal num conjunto de situações tipo lista de compras nas quais eu ponho o pisco em quase tudo e portanto tenho mérito e direito de reunir as condições que se prestam à consequência que tenho nas mãozinhas, ou melhor, no cérebro, que isto ataca mais a cabeça e faz sofrer da mesma. Assim sendo, a partir de agora em vez de ter comigo aquelas preocupações altamente banais de "vai-me dar aqui a macacoa" ou "é hoje que morro aqui em frente a toda a gente", ou "vou fazer figuras ridiculas à frente desta malta toda", agora é mais "mas afinal o que é que é a vida?", "porque é que temos que morrer?", "como assim todos os dias estou a envelhecer?", "como assim não consigo agarrar os momentos que estou a viver porque o tempo é um fluxo que está sempre a correr?", "onde é que está a criança pequena que fui? para onde raio foi aquele corpo?", "e sera que se eu me distrair quando olhar ao espelho já sou velha?" e "será que vou ser mãe?" e "como é que vou por um filho no mundo sabendo que ele vai morrer um dia?", e por aí vai... Como vêem, tudo pensamentos inúteis a uma vida "normal" e funcional. Assim sendo, estou agora em processo de autocompaixão, porque pelo que li por aí, é normal que a malta passe por isto, e portanto, eu vou sobreviver, só tenho que arranjar forma de quando este emaranhado lindo de pensamentos que agora teimam em ser um dragão que me queima as entranhas, seja o ponto de partida para um belo edredon de crochet, colorido e super aconchegante. Tenho-me lembrado imenso das palavras da minha arterapeuta que nunca mais abandonaram esta cachimónia: "Andamos todos aqui aos papéis" e de facto, acho que fugimos desse facto, de mostrar isso, de sentir isso, de partilhar que na verdade, fomos postos aqui e andamos assim meio-meio, em direção a algo, umas vezes cambaleando outras saltitando, mas sem saber muito bem que raio de magia é esta que nos fez, nos faz, e nos desfaz para nos voltar a fazer num ciclo infinito de faz-desfaz-faz, numa espiral de crescimento infinita da qual nós fazemos parte, e que muito honestamente, neste momento só queria mesmo aceitar para acabar com este sofrimento torturante. É que é só rídiculo ter na cabeça a ideia de que não devíamos morrer, não devíamos envelhecer, e não devíamos ser frustrados. É irreal e faz mal. Por isso agora vou ali cagar nestes pensamentos momentaneamente, para voltar a ter uma ligeira sensação de controlo e serenidade e fingir que estou toda unida shanti shanti com o corpo e a mente no sítio, e super aceitante desta história que vou escrevendo sem saber muito bem como. Só agora percebi o outro filósofo, quanto mais aprendi e soube sobre o mundo mais concluo que na verdade nada sei. Talvez comece a tratar os dias como se eles fossem fruto da Magia. E talvez isso me ajude porque cada vez me parece que a vida está muito mais próxima disso do que de outra coisa.

28
Jul21

POCaralho

Humorosa

Começo este texto pelo seu título e pela primeira vez não o escrevo em letras garrafais conscientemente.

Olho para ele e penso que alguém se poderia ofender, que me poderiam cortar o pio, e choro copiosamente por dentro a pensar como continuo a ficar domesticada. Como me parece que cada vez mais tenho a noção do outro, do que o outro pode pensar, de como o outro se pode ofender. De como não ser essa pessoa que invade sem dó nem piedade a bolha actimel do outro. 

E de repente lembro-me de uma conversa que tive com o meu Respetivo. Dizia-lhe que quando morrer quero ter na minha lápide escrito "Viveu alegremente a invadir as bolhas actimel dos outros." (ocorre-me agora que nunca pensei se a Actimel me patrocinaria o mármore ... oh well) e decido mudar o título do texto para ter clareza (era mesmo caralho, na sua versão agressiva que eu queria deixar escrito e não C*r#lh$ como muitas vezes temos que fazer para limpar as palavras e torná-las "instagramáveis". Ao que chegámos. Até as putas das palavras têm sempre que ser bonitas. Tal como as emoções não são sempre bonitas, para mim as palavras também não podem ser sempre rebuçados embrulhados em papel dourado transformado por um Midas qualquer (e não é o gajo das Oficinas).

(Pausa para contemplar como o meu Humor é tão meu, e mesmo que venha aqui queixar-me do meu cérebro e das suas artimanhas, continuo sempre pasmada com esta impressão digital do meu pensamento que me faz sentir única e que até sei umas coisitas... É como dizia um ex lá do passado "O teu cérebro é o teu maior dom e a tua maior desgraça". Talvez não seja exatamente assim, mas a verdade é que há verdadeiramente uma luta interna entre utilizar a consciência para a criação útil e vibrante de coisas novas e interessantes e produção de lixo radioativo que contamina o corpo por inteiro e "hacka" todos os meus sistemas de alarme fazendo-me crer que há monstros por trás da cómoda... que eu nem sequer tenho no quarto.)

Voltando ao título mal afamado e mal amado deste texto. Quer pelas almas mais sensíveis devido ao Caralho explícito no fim da palavra, quer por mim, no que toca às três letrinhas apenas do início que me dão verdadeiras dores de cabeça.

Para quem não sabe e não segue o estaminé, a minha história de vida remonta algures no tempo, a uma vivência de violência psicológica que por vezes foi física. Claramente que ainda não fiz as pazes com esta história. Dou por mim muitas vezes, quando medito, quando estou em estados mais claros da minha existência a compreender que tudo o que aconteceu foi essencial para estar aqui, mas em momentos mais mundanos da minha existência, só me ocorre um chorrilho de palavrões para insultar todos os desafios pelos quais passei e que, claramente, deixaram sequelas no meu corpo. Sempre que ele se manifesta eu tenho duas escolhas: ou odiar o que me está a acontecer, ou aceitar e tentar fazer algo com isso, avançando (normalmente com humor) na vida. Considero que mais são as vezes em que escolho a segunda opção, ainda que, nos instantes iniciais, o meu default seja mandar tudo pro caralho e fazer aquela mítica birra de querer que fosse tudo mais fácil. Ou melhor, sempre fácil, a rolar, tipo aquela manteiga perfeita que se barra na torrada acabada de fazer e que torna aquele momento poético (ou de anúncio de televisão).

Então, dessa história e desse sítio de onde vim (e que tenho tentado ver se vou aceitando...) resultou também uma enorme transferência de responsabilidade adicional. Tudo tinha que ser perfeito. Mesmo quando os adultos não o eram, eu tinha que ser. Cresci sempre assim, a achar que tinha que fazer sempre o máximo, que um dia iria conseguir melhor, e que nesse dia me iriam abraçar e dizer o quanto me amavam e gostavam de mim. Esse dia nunca chegou. Pelo menos não da forma como eu sempre idealizei. O mais tolo é que eu cresci no meio de um barómetro estragado (como eu gosto de pensar), e acredito que por isso hoje em dia tenha esta necessidade enorme de equilíbrio, e de um equilíbrio mais ponderado. 

Lá atrás no tempo tinha um par de mãos que batiam e apontavam o dedo enquanto outro par acariciava e cuidava mas me prendia a si. Claro que ainda hoje, para mim, as mãos têm esta mesma ambivalência que me trespassa, e se por um lado assim que me sinto presa quero fugir, por outro sou eu própria a minha carcereira e mudei permanentemente o sentido do meu dedo indicador para dentro. Dizem que para sobreviver copiamos os modelos dos nossos cuidadores mesmo que eles não sejam saudáveis porque precisamos deles para nos alimentar e manter vivos. Eu sei que fiz isso. Eu sei.

Hoje tento lembrar-me diariamente que não vivo em casa dos meus pais, e mais que lembrar, sentir que neste novo espaço tenho movimento e direito a ser quem sou, mas só quem passa sabe o quão intrincados ficam estes padrões dentro do umbigo, e como eles nos atacam de dentro para fora, fazendo lembrar o Venom do Spider Man. É como se o veneno que ficou em semente, quando encontra um momento mais sensível, se infiltrasse pelo umbigo e cobrisse todo o corpo numa peçonha preta que, qual fato de latex da catwoman, ainda que sensual, não nos deixa mexer sem ser em direções específicas, e normalmente direções contrárias à da seta do tempo. Andamos para trás. E aí precisamos de parar um pouco, inspirar, mandar umas caralhadas e tentar seguir adiante, neste jogo constante contra a entropia e a favor do Amor, dessa energia de evolução que tenta constantemente fazer vingar a Individualidade de cada um, e por isso a Humanidade como um todo. Se conseguirá? Não sei. Mas o Amor tenta...

E é aqui, neste ponto, tentando dar-me Amor, que venho hoje.

Venho humildemente abrir novamente o meu âmago na esperança de redenção, na esperança de que a partilha, trazer à luz os meus demónios, faça com que eles deixem de ser sombra, porque como me disse uma vez alguém com quem me partilhei à beira da estrada, "Quando ligamos a luz o escuro desaparece" e honestamente é o que quero fazer hoje aqui - Deixar o escuro desaparecer, o meu escuro.

Então, como vos dizia, há todo um conjunto de "sequelas" (adoro que nunca tenha pensado nesta palavra com teor cinematográfico como neste presente momento que vos escrevo) com que fiquei deste meu início mais agitado na tribo a que chamei casa, nomeadamente Ataques de Pânico, Transtorno de Ansiedade, Contraturas no corpo, insónias, mais recentemente estes espamos-maravilha nos gémeos (que eu escrevo aqui, na tentativa esperançada de eu me fazer acreditar que realmente são mesmo só sintomas de ansiedade e não uma doença qualquer que me vai levar antes de tempo daqui) e por fim, o que me traz aqui hoje: POC - Pensamentos Obssessivo-Compulsivos.

E o que é isto minha gente? É eu estar tranquila após um dia maravilhoso passado no meu elemento-casa e de repente fechar a porta e pensar que não posso deixar a porta aberta, mesmo depois de a ter fechado, e ter claramente e racionalmente percebido que a fechei e por essa razão começar a encetar um baile abre-e-fecha ao estilo vira do minho para ao fim da terceira vez pensar - "Já deve estar bom" e seguir a minha vidinha como se nada fosse.

Ora pois que este comportamento também se repete com a toma da pílula. Posso estar a curtir "uma gelada" quando subitamente sou assaltada pelo pensamento "Será que tomei a pílula?" e de repente todo o meu mundo passa a girar e a orbitar sobre como resolver aquele problema, fazendo uma revisão pormenorizada como se tivesse entrado na torre do tombo das minhas memórias, à procura da última sensação, emoção ou imagem que me faça ter a certeza que sim. Bem vindos ao meu mundo. Sim, é fodido por vezes.

Ontem pois então que se sucedeu? Sucedeu que ao vir para a outra casa (a do Respetivo) se me assola a dúvida assombrosa de se teria deixado a água do banho ligada! Revisitei os meus arquivos da memória qual Lara Croft ou o outro que não me lembro do nome à procura da arca perdida, e só conseguia ter ecos de algumas coisas que apesar de me descansarem, me faziam desenrolar um rol de películas de enredos de filmes apocalípticos ou pós apocalípticos onde tudo acabava em fogo, ou inundações severas e onde o meu espaço de paz, calma e conforto, ou a minha casa-atelier era totalmente destruída e não restaria o único espaço onde eu me sinto realmente em paz. (Curioso esta merda, agora escrito faz-me refletir o porquê de isto ser tão persistente. Tenho medo de ser responsável pela morte do meu espaço criativo e do meu espaço seguro, e isso seria o epítome de ser incompetente e uma falhada! Olhem que bonito...)

Penso agora se essa minha casa-atelier não será também uma mão que me acaricia e me prende ao mesmo tempo. Talvez seja um reflexo do amor condicionado que aprendi e do qual sou tantas vezes refém. Se calhar um dia vou ter que me desfazer daquele espaço ou quem sabe transformá-lo finalmente em algo mesmo meu. São tantas as ideias que me atravessam que neste momento sinto a cabeça a explodir.

Continuo a sentir-me sem direção e honestamente continuar a olhar só para o botão da Rosa à espera que ele comece a florir já me está a causar uma urticária impaciente em todo o corpo, fazendo com que ele esteja alerta, como um soldado que espera ser chamado para a formatura. Estou livre e sinto-me presa. Devia aprender com o Mandela...

E só para terminar este meu texto-lamento-trágico-cómico, vinha ontem até esta casa e pensava para comigo como Deus tem sido tão paciente em me mostrar que ele existe e que temos mesmo algo que nos liga, algo que não vemos mas que está lá - a sua Graça, e que ela nos ajuda diariamente, nos anima, nos faz sentir acompanhados. Mas eu sou tão casmurra. Sou talvez a sua pior "crente". Mesmo tendo N situações que vos poderia enumerar em que sinto a benção da sua Graça, onde vejo e sinto, e experiencio sincronicidades, é como se ainda assim continuasse tal como continuo com os POCaralhos - a duvidar de mim. Será que vi bem? Será que senti bem? Ah isto deve explicar-se. Tinha uma probabilidade mínima de acontecer por isso é que aconteceu. Devo estar a fazer histórias. De certeza que há uma probabilidade de acontecer por isso pode continuar a ser um perigo/risco. Se calhar para acreditar tem que acontecer 3 vezes. Cheguei até ao cúmulo, como bela perfecionista que sou de fazer uma lista das Graças, com data e tudo, para ter a evidência factual de que elas aconteceram efetivamente e que não, não é fruto da minha frita cabeça. (Ao que uma gaja chega.)

No fim de tudo isto, quando a angústia aperta e eu acho que não consigo fazer, dou comigo a olhar-me ao espelho e a dizer coração-na-mão que se morrer pelo caminho, pelo menos tentei...

03
Mai21

Reencontrei-me com a Alice

Humorosa

Este fim de semana foi súbito no meu reencontro com uma amiga mesquinha que já não via como deve ser há algum tempo. 

Cruzava-me com ela pontualmente, como se a visse de relance, assim de fugida, como quem cumprimenta o vizinho que encontra quando vai ao pão.

De vez em quando, como bem mesquinha que ela é, tentava aparecer e imiscuir-se demais na minha vida, quando eu a estava ocupada a viver. Queria roubar-me tempo, espaço, e sabor. Sim sim, que ela queria saber todas as receitas dos doces da minha vida. Ela era tão amarga que se alimentava de me roubar as receitas dos meus doces deleite(s).

Sempre lhe fugi toda a vida desde que a encontrei pela primeira vez aos dezassete anos naquele dia em que parecia que ela me ia levar com ela "para lá de Bagdad".

Depois aprendi que fugir dela era pior, porque quando mais fugia, mais ela vinha no meu encalço, não fosse ela uma parte da minha sombra. Comecei a aprender a conviver com a vizinha Alice, na esquina do meu ser, uns dias melhor, outros dias pior, outros sem saber como lidar com ela...

Convivi sozinha no meu mundo com a Alice durante três anos e parece-me agora quando olho para trás que foi mais fácil conviver com ela quando não tinha pessoas a esperarem nada de mim, do que agora.

Ontem, dia da mãe, reencontrei-me com a Alice em casa dos meus pais. 

Começou por me fazer cócegas nos pés deixando-os a pulsar, depois começou a apertar-me as pernas começando a deixar-me uma sensação de não ter força para as manter em pé se não contraísse as coxas, depois apertou-me o estômago, a mente, e fez-me comer sem prazer, sem orientação e sem escolher o que metia à boca.

A Alice sempre foi maravilhosa a obrigar-me a fazer coisas que não devia, que não queria, e que não me são úteis.

É uma magia que ela tem, um encanto sufocador de quem não pode olhar para a vida sem a ver a ela primeiro, em tudo. É uma egocêntrica. Sempre foi. Quer a minha atenção por inteiro, quer o meu corpo por inteiro, e da minha mente não se ficaria por metade.

Como tentei não lhe falar, porque agora já sou uma gaja que impõe limites, ela quis deitar-se comigo.

Desatou aos abanões às minhas pernas, como uma pequena birrenta criança que me puxa para brincar mesmo que eu não queira, agitou-me os braços, o coração que pulsava na mais pequenina veia do meu ser, embrulhou-me o estômago em papel de jornal numa pasta indiferenciada de coisas digeridas e por digerir, e deitou-se comigo...

... e não me deixou dormir.

26
Out20

O meu cérebro dá 10 a zero aos produtores de novelas da tvi!

Humorosa

Vocês ainda não sabem mas eu tenho ainda assim uns pequenos pavorzitos que se relacionam com a saúde e/ou falta dela. Sendo filha de uma enfermeira era expectável que isto dos hospitais/consultas e médicos fosse super cool, só que não aconteceu.

Aqui a gaja não só não grama luzes azuis de ambulância como luzes azuis da bófia (conseguem adivinhar qual a profissão aqui do pai da criança? B-ó-f-i-a, isso mesmo).

Voltando atrás...ou melhor, dando um salto até amanhã de manhã ...

Dizem que me comprometi a ser uma mocinha bem ajuízada e a não falhar com o compromisso de ir às consultas de rotina e às malfadadas ANÁLISES AO SANGUE (isto escrito em letras garrafais para vocês terem real percepção de como o meu querido cérebro lê uma coisa tão fácil que se faz em menos de 5 minutos... (notem ainda que a parte do meu cérebro que escreveu esta parte é uma parte racional e esperta, a que se borra de medo foi a que escreveu em CAPS LOCK e curte mais sexo e prazer porque pronto é um bichinho que ou sente medo ou prazer... coisas de ser humano))

Posto isto, é natural que ontem ao fim do dia, já com a noite a entrar em fim de dia mais cedo, o meu querido cérebro decidiu começar a produzir quantitativamente várias narrativas dramáticas, dignas de uma CMTV ou na verdade, dignas das telenovelas da TVI, e elaborou dramaturgicamente todas as possibilidades mais dantescas para o meu momento de ir tirar sangue, todas elas desenrolando-se à volta do desmaiar e/ou morrer. (Sim, eu disse que isto tinha tónico de TVI).

O mais lindo disto tudo é que isto me acontece sempre, desde que eu, há muito muito tempo era eu uma criança, me deu a pequena macacoa quando fui tirar sangue, só que depois disso, já muitas foram as vezes que se seguiram e apenas estive a fazer figura no cadeirão de quem tinha um vibrador enfiado no rabo e outro na pachachita, porque tudo tremia tudo abanava. Para quem não sabe chama-se ataque de ansiedade, e é chato para caralho.

Para mim que estou ali em modo vibrador até o corpo se cansar de consumir a adrenalina na corrente sanguínea, e para quem me vê, que acha que estou a ter um pequenino ataque de uma qualquer coisa que não se percebe muito bem, porque continuo sempre a falar, a dizer disparates normalmente que façam rir, e a pedir para falarem comigo mesmo que eu não faça sentido.

Isto de ter um cérebro criativo às vezes é fixe, às vezes é foda.

De hoje para amanhã tá em modo foda.

Espero que amanhã vos possa cá vir contar como fui rídicula e tudo correu bem, à parte de que me vou borrar de certeza num qualquer wc do hospital minutos antes de ser chamada (o que agora não dá jeito porque aquela merda é por ordem de chegada).

É isto, precisava que alguém me ouvisse, nem que fosse apenas o meu eu a ler isto enquanto escrevo, só para deitar cá pra fora a ânsia que teima em me fazer chorar que nem uma pequena criancinha a quem derrubaram o gelado... propositadamente.

Cérebro, vamos cooperar e mudar estas histórias para algo do tipo, amanhã ser um gajo todo grosso, olho azul a sacar-me o sangue e a mandar-me um piropo porque a minha máscara verde tropa faz pendant com os meus olhos verdes seco? Enquanto toca obviamente a música Careless Whisper em background.

Sim ? Sim? Pode ser?

Obrigada. 

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