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Humorário

(um diário de rir para não chorar)

(um diário de rir para não chorar)

Humorário

21
Mar21

Para hoje, um poema, que eu também sei ser uma gaja séria...

Humorosa

Começa a inquietação de novo.

Está cá dentro vai borbulhando e vai sumindo.

Hoje voltou a borbulhar.

Volta a borbulhar quando alguém com necessidades sociais apenas vê interações à distância, por uma janela que me deixa de fazer sentir humana.

Percebo que as necessidades não podem ser supridas só por uma fonte,

Mas depois sinto-me mal, como se escondesse algum cadáver que já morreu há muito tempo atrás.

Eu nem o matei agora.

Revisito esqueletos no meu armário e tenho medo de os trazer à luz do agora.

Sinto necessidades e impulsos de uma Humorosa de outrora,

Que na verdade foi definhando e perdendo força.

Mas ela está lá, sempre à espreita de uma aventura,

De uma novidade. De algo que lhe dê adrenalina.

O vício da novidade. O vício de explorar o novo. O vício de beber daí o néctar que a agita.

Olho para trás e sim, sempre fui muito inconsequente.

As minhas emoções levaram-me a sítios onde nunca pensei estar,

Sítios onde nunca pensei ir,

E lugares onde nunca me pensei demorar.

No entanto não nego que ainda estou ligeiramente apaixonada por essa Humorosa.

Como se eu não quisesse que ela morresse dentro de mim…

E sempre que ela principia a aparecer evocando-me com as suas canções doces de sereia,

Principia um duelo entre o que fui e o que quero ser.

Entre o meu espaço e o espaço do Outro,

Entre o meu espaço e o espaço dos outros.

E depois penso, repenso e raciocino no que devo ou não dizer,

No que é ou não relevante,

No que é ou não meu,

E na necessidade de o partilhar, de o expor em praça pública,

De me abrir por dentro para expor as minhas entranhas podres à espera de uma qualquer redenção,

Ou perdão,

Que não vem de mim…

Talvez porque cresci num seio em que a mentira vira verdade por necessidade,

Em que se oculta para preservar a individualidade e o conjunto,

Eu considere que tenha que dizer tudo,

Expor tudo, sob pena de acontecer o mesmo que aconteceu numa casa

Que por mais que pareça inteira,

Tem vidros de janela partidos por todo o lado,

E todos andam com mil cuidados,

Mas ainda assim,

Descalços.

(foi em Maio de 2020, mas podia tanto ser de hoje, de agora.)

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