Escrevo a minha dor ao som de música cubana para ver se ela se transforma em rum
Acordo de uma noite em que o kebab do almoço de ontem andou a dançar danças de salão com o meu interior, numa ascensão e descida vertiginosas, como se de uma criança dentro de um elevador se tratasse e estivesse a carregar em todos os botões para cima e para baixo...
Acordo. O caralho é que acordo. Não dormi.
Tanta coisa a acontecer e tantas dúvidas existenciais adornadas pelo intenso sabor do frango apurado indiano numa chapata tostada que nem era italiana nem um pão de mafra mas que ficava a meio caminho de ambos, e dá-se-me outra vez aquele medo estúpido de falecer.
Ai que não sinto o corpo. Ai que tá dormente, ai que está o coração a acelerar, ai que se me está a dar uma emoção de terror, ai que o gajo já dorme e eu tou praqui a virar para cima e para baixo que nem um frango decentemente assado na grelha de uma qualquer churrasqueira portuguesa (nada contra os indianos, mas ainda estou para perceber que carne de frango foi aquela do meu kebab, fosse gato condimentado, não teria dado conta, não fosse a noite revolta no vale dos lençóis).
Giro giro é que esta merda de escrever com música cubana traz logo uma leveza ao que vos queria dizer. Logo eu que tenho andado com uma sensação de que não faço ideia do que ando praqui a fazer, ao ponto de questionar as minhas capacidades apesar de estar a gritar internamente de forma meiga o quão espetacular tenho sido para aguentar tanta coisa ao mesmo tempo (relembro? queda? joelhos fodidos? mão esfolada? siso com o caralho? discussões de 4 horas na minha relação? ajuste aqui? ajuste ali? mudar de casa outra vez? gerir a sensação de estar a enlouquecer? não arranjar trabalho há já quase 1 ano e dois meses? enfim... tudo isso que só de escrever já me acidifica o kebab que já caguei... (perdoem-me a visão do inferno))
No meio de tudo isto ando a tentar colar os meus bocadinhos e a fazer listas de coisas que gosto que normalmente são encabeçadas por músicas da disney, seguindo-se-lhes o pão, dançar, cheirinho a café, escrever, cozinhar, desenhar, criar, poesia, caminhadas (que depois da minha primeira RM de amanhã voltarão à carga), apanhar sol, ler livros, comprar livros, organizar coisas, comer comidas novas, pintar, maquilhar-me, vestir-me com collants aos corações para partir corações aos ortopedistas, bolinhos de canela e erva doce com todas as formas e feitios... enfim, uma lista infindável de coisas que fazem o meu EU EU e que me fazem lembrar que não, não estou assim tão louca, tão perdida, tão desorientada...
Ainda respiro e como e "cumo" tal (só para os mais atentos ...) continuo VIVA e com capacidades de desfrutar desta vida lidando com imponente categoria, ou não, com este medo que assola qualquer ser vivo com capacidade de consciência - o de que iremos falecer.
Achei que uma queca ia resolver isto. Dantes resolvia. Mas se calhar não resolveu porque a dança sensual que fiz ao meu respetivo, após trancá-lo na varanda, resultou numa discussão porque ele não percebeu a minha intenção e achava que o estava a punir por me ter dito que eu tinha a mania de nunca tirar as meias de dentro das calças...
Como veem, só isto, já faz a piada do texto.
(qualquer humor ácido que possam identificar é apenas causado pelo suco gástrico em resultado de uma má digestão de um kebab comprado entre a almirante de reis e o martim moniz).
Já agora, fica a nota que de agora em diante me vou permitir a escrever os textos aqui no humorário de acordo com 4 tipos de humor. A saber:
- Humor Rottweiller - Caracterizado pela raivazinha que acidifica a alma mas ainda assim divertido
- Humor Xitex - Caracterizado pela alegria genuína de quem sente que vai conquistar o mundo. Pela excitação pode conter gralhas ou erros ortográficos
- Humor Depré - Caracterizado pela nuvem cinzenta que só chove em cima de mim enquanto faz sol em toda a área que não sou eu, mas que ainda assim faz rir pela deprimência. Pode ser acompanhado de períodos de choro e riso em simultâneo quer de quem escreve quer de quem lê.
- Humor Zen - Caracterizado por uma energia de puro relaxamento causado por inalar a aromaterapia natural do festival boom. A sensação é a de um budista a cantar mantras no meio de um campo minado e em guerra.
Posto isto, claramente hoje estamos em Humor Rotweiller. Dentinhos de fora, espumar da boca e bola para a frente que amanhã vou fazer a minha primeira Ressonância Magnética. Aqui vos prometo que se correr bem escreverei uma história infantil de seu nome: "A minha primeira Ressonância Magnética" com uma moral e tudo.
Até amanhaaaaaaaaaaaa meus senoressss
"me gusta mulata....se come tambíen... iri riririri bom...." (é o que tá a tocar enquanto termino post...)
Já estou a sentir a moca do Sparrow...
[ia pôr aqui um .gif mas o sapo mandou-me foder.
Eu ia, mas já o fiz ontem, e segundo parece é muito "agressivo" comer duas vezes seguidas banana...]
Auf auf...
(é o canito a ladrar...)
Fui.