Vamos lá dar a volta isto (outra vez...)
Tenho andado a arrastar-me aos 7 ventos,
Sem saber se são 7 ou mais,
E a única certeza que tenho,
é que não tenho certeza nenhuma.
Tudo me parece tão leve, tão perene, tão intocável,
É como se o momento presente se consumisse numa memória em instantes,
E o momento futuro fosse sempre feito de um desastre-quase-certo-a-acontecer.
Tenho medo. Ando cheia dele. Até às pontinhas dos cabelos.
E passo os dias a viver como se tivesse óculos da google,
que a todo o tempo me mostram o meu maior medo: MORRER AGORA.
E de repente passo todos os instantes a cismar que posso morrer a qualquer momento,
(porque há uma voz interna que diz que posso mesmo e bom, a ciência diz o mesmo),
(Eu bem tento lidar com esse pensamento sempre que ele aparece com a música do "AH AH AH STAYING ALIIIIIIIVEEEEEEE" "Still here" "Desfruta!!! Cheira, delicia-te, ouve, vê, toca"... acho que ainda não funciona bem. Tenho que repetir mais vezes)
E de repente porque a minha agonia se cola a esse pensamento,
Vivo, experiencio, e deleito-me com a vida numa qualidade de brinquedo da loja do chinês: serve, usa-se mas sabemos que se olharmos bem aquilo vem com um defeitozinho qualquer e/ou quiçá tenderá a partir brevemente.
Enfim, réplica do que poderia ter sido uma experiência de qualidade vá.
E é aí que me encontro presa - numa vida com pensamentos que me constringe o sentir num clepe plimavera.
E a merda toda é que como hoje fiz o turno da noite, não consigo ser mais humorosa que isto,
E há assim uma pequena frustração que fica por não estar a conseguir sair da bolha,
Uma impaciência de quem queria que tudo isto se resolvesse,
E que honestamente gostaria de acreditar que tinha curado a Alice para sempre.
(A Alice é aquela gaja apressada que acelera o relógio do Coelho e que vive no país das maravilhas... ou para o comum dos mortais - a minha Ansiedade)
Sinto agora que a meti debaixo do tapete,
Que me achei dona e senhora, rainha de um reinado que a expulsava das minhas terras,
E agora percebo que talvez a melhor abordagem seja a cooperativa (não tivesse eu hoje ido provar sidras ao Bombarral).
Isso e a aceitação de que este pacotinho traumático veio com a je, proveio da história de vida da je, e há uma parte que é chance (esta de ter provindo da história da je), e outra que é escolha... Aquela que faço todos os dias para tentar continuar com amor a propagar o que tenho vindo a sentir que sou - o sorriso fácil, o apoio ao outro, a palavra carinhosa, o cuidado em ensinar e partilhar palavras e conhecimentos úteis, em suma, uma pequena nerdzinha dos life hacks da vida que adoraria ter assim um Mestre Japonês a dizer-lhe os segredinhos de como conviver com uma mente tão elaborada como a sua.
E de repente lembro-me de um Mago que me perguntou se abdicaria de sentir tudo e ver tudo como sinto, só para encaixar mais no ram ram da sociedade, e eu a cada dia que passa, apesar de a decisão carregar consigo também dor, sei bem no meu íntimo que não.
E que um dia, ou em vários dias por breves momentos, vou estar tão apaixonada pela vida como ela é, como já estive, que o deslumbramento vai engolir de uma vez por todas o medo e eu vou aceitar que o Instante que sou, em si, foi, é, e será o tempo que tiver que ser, aquilo que eu tinha mesmo que viver. A minha parte aqui no mundo. O que tinha que fazer. E o que tem que ser, tem muita muita força.