Caríssimos e ilustres seguidores deste caderno diário humoral,
serve o presente post para vos informar que aqui a GAJA às 18h00 do dia 31 de dezembro de 2020 irá cessar funções com a sua atual empresa (local de onde vos escreve no momento) e depois irá para casa encetar um desenfreado movimento gastronómico para comemorar a noite de passagem de ano a dois, e pois que se o ano nos fodeu, acabarei este ano a foder.
Tenho dito.
Boas entradas e saídas se possível em sequência até que gritem bem alto pelo nOHHHHHHHHHvo ano!
Mas não é que o universo tem uma forma muito linda de me presentar e fazer pensar?
A 1 dia do fim, e de eu já me imaginar a reformular a minha casa por inteiro, dando uma de dona de casa desesperada, ou querida mudei a casa, liga-me um antigo boss, talvez o único HUMANO a perguntar se enquanto estava desempregada não lhe quereria dar uma mãozinha em documentos que eu tinha JURADO A DEUS nunca mais continuar a fazer.
"Ah mas é que eu preciso de alguém que escreva bem..."
E o meu ego a saltitar.
Mas o meu lado Hippie logo:
"GAJAAAAAAAAAAAAAA NÃO CEDAS AO DEMÓNIO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! O DINHEIRO NÃO É TUDO! DESCANSAAAAAAAAAAAAAAA NÃO FAÇAS NADA"
E vem logo o ego:
"Será que aguentas sem nada para fazer sua cafagestazona!!?!?!? Já viste que se essa energia mental não é direcionada começa a fazer planos para descobrir a filosofia do universo....."
E depois vem outra personagem não sei de onde e manda os dois calarem-se.
Shiu.
Decido na primeira semana de janeiro.
Foda-se.
Vi ontem o SOUL.
Repitam comigo "NÃO PRECISAMOS DE TER UM PROPÓSITO migos do coaching transbitrepessoal!"
EU NÃO PRECISO DE SABER SEMPRE E PARA SEMPRE O QUE QUERO FAZER.
EU GOSTO DE FAZER MUITAS COISAS PORRA!
E é isto.
Beijo da revolta.
Se me decidir eu aviso-vos.
Pirei de vez?
Talvez.
MAS AMANHÃ É FIM DO ANOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!
Em vez de ficarem com uma reflexão minha, fiquem com uma refração, para honrar a engenheira que fui noutra vida (algures entre os 19 e os 24).
(para já é isto. e tá bom, que depois do dia de ontem o que me interessa mais hoje é passar pelos intervalos da chuva. e fingir que termino aquele documento que já terminei mas que vai demorar o tempo que aqui terei que estar a fazer figura de quem trabalha porque o patrão não é porreiro e me manda para teletrabalho onde poderia estar neste momento a arrumar o meu roupeiro com a pilha de gavetas que comprei ontem no chinês e/ou quiçá a preparar já as receitas para a minha ceia de passagem de ano e sim é suposto ler isto sem pontos nem vírgulas nem respiração para perceberem como é que a minha mente é por dentro. Assim. Acelerada.)
Ora então, BOASSS TARDEEEEEEEEES PESSOAS! (ou boas tardes a mim, caso ninguém leia, sniff sniff).
Imaginem esta minha segunda-feira, depois de 4 dias de Natal que souberam a férias grandes.
Volto a dormir com o gajo de quem tive saudades e que me faltava para que aquecer a cama e durmo mega agitada com calor ("porque eu só estou bem... aonde não estou...") e sem espaço na cama para acordar em diagonal, logo "acordo" em piloto automático e por sua vez, sem vontade nenhuma de encetar enormes esforços de me deslocar aos últimos 4 dias de trabalho neste querido calabouço com vista para a ponte vasco da gama (é literal!).
Ora aqui a gaja decide perguntar ao Oráculo (que ontem viu o Matrix e a gaja ficou a achar que o Oráculo sabia tudo), "podes dar aqui uma dia pró dia?" e ele sai-se com um texto grande do qual retive: "não faças dramas desnecessários. Reconta a tua história. E faz do teu mantra do dia "Este circo não é meu. Estes não são os meus macacos" e sim, tenho repetido o mantra de forma religiosa. (várias vezes...)
MAS, tudo começou quando decido fechar a porta, sair, entrar no carro e olhar para duas crianças pequenas com a sua lancheira fofinha e de repente: "FODA-SE! O meu almoço..."
Nisto volto atrás (já cheia de vontade como havia mencionado no texto supra) ponho as coisas dentro da malinha que por acaso tinha sido meio encetada na noite anterior, ponho o tupperware com a comida, fecho-o e de repente "CARAAALHOOO" entalei o dedo numa das abas. Doeu pra caralho e fez dói-dói. Mas no drama llama né oráculo. "Não é o meu circo. Não são os meus macacos." Prossigo. Chego ao trabalho a horas, sem vontade, quando decido estacionar, decido inverter a minha tendência de meter de cu e "POH" foi o som que ouvi. Fodi a frente do carro no passeiozinho "Ah é que a frente do carro é baixa.." Não ia com atenção foi o que foi. A culpa foi dos dois grãos de mokambo que desfiz em água para fingir café. E não ter os impactos do dito. Que também começo a achar que é uma granda treta foda-se. Já dormi bem em alturas com 2 cafés, era agora que isto mudava assim? Enfim... nem vou por aí.
Chega-se ao dito office, e sabe-se que estão cá duas das personagens que se preferia que tivessem emigrado para Nárnia, por tempo indeterminado (como o meu ex-contrato que acaba de forma mutuamente acordada em 31 de dezembro)
Algures no tempo descobre-se que a entrevista que ia ter e para a qual stressou que não tinha estudado não acontece (e é adiada para amanhã. APRENDE COM ISTO MIGA!)
Depois decide-se ir na mesma almoçar ao mítico estacionamento do LIDL já anteriormente mencionado nesta pequena casa virtual, e come-se a batata doce assada com o atum que se desenrascou e que me entalou o dedo, e fica-se com vontade de comer um bolinho (engana-se com uma tâmara.) Posto isto vai-se ao LIDL, fila, decide-se conscientemente esperar para entrar porque continua a haver fila (tipo tempos pré-apolipse do papel higiénico), compram-se coisas a correr, estou assim meio numa bolha, lembro-me do NEO e da sua sensação de não saber se estava num sonho, olho para o meu reflexo e penso que me devia ter pintado para não estar com esta cara de quem pinou fortemente durante toda a noite (só que nem isso), saio com as compras na mão, para não pousar o garrafão de agua no chão encosto-o ao carro, ele desliza e rasga-se na lateral gotejando lentamente, como que a lembrar a sensação do meu dia, estão a querer fazer-me gotejar lentamente a paciência certamente. Continuo sorridente a pensar que ainda bem que aprendi sobre fluídos, vazo parte do garrafão abaixo do rasgão e vou toda contente de regresso ao trabalho para onde não queria vir em primeira instância. Ah esqueci-me de vos dizer... hoje decidi pôr o GPS e ele mandou-me por uma estrada nunca dantes experimentada mas que garanto, nem mesmo quando estou no meu modo consciente e orientada haverei de repetir. Imaginem uma encosta a descer tipo aquelas da Madeira com os senhores a conduzir os carrinhos encosta abaixo e agora imaginem uma subida praí com 30% e eu em primeira numa estrada molhada a desejar que os pneus não fugissem. Ah e sim, uma estrada de duas vias, para carros de bois só se for. Rezo para não encontrar ninguém no caminho de volta. Rezo. Rezo mais, fode-te. Dois carros. Penso para mim que vou foder mais um bocadinho um carro que se me dá a taquicárdia quando passo rente a outro bólide em zonas apertadas... Safei-me. Eu que estava com frio até aqueço por dentro.
Estaciono. (Desta vez de cu, que não me fodem mais nenhuma vez...) e começa a cair uma BRUTAL CARGA DE SUMO DE LARANJA (que é a expressão utilizada pela minha mãe para designar uma chuvada do caralho).
Graças a Deus tenho um mini guarda-chuva e decido correr, devagarinho, para chegar cá acima.
Chego cá acima. Sol.
Depois de descrever esta pequena saga a uma amiga ela diz-me: "Banho de sal grosso nisso".
E honestamente? Calha mesmo bem que tive em Rio Maior anteontem...
Como já devem ter entendido aqui esta alminha tem a mania que é criativa ou lá o caralho.
Mas a verdade é que tem sido a criatividade que a tem salvo dos momentos mais complicados pelos quais passou e por isso, muito grata a esta minha cabecinha e espírito que me providenciam este dom de fazer humor até com cocó.
Assim sendo, deixo-vos a minha mais recente inovação para lidar com os 4 dias da próxima semana, que serão os últimos no meu atual trabalho (aquele em que fui despedida).
[NOTA: Hoje escrevo-vos em teletrabalho porque depois de ter ofendido o meu patrão ontem, ou o gado bovino já não sei, levei um tapinha de humildade que o mocinho mandou-me ficar em teletrabalho, em casa, que é de onde vos escrevo hoje. Já agradeci ao universo sim e já apertei um bocadinho mais a cordinha na coxa para me flagelar e expiar este pequeno pecado.]
Mas o que importa é a seguinte lista, por isso atentem se não é uma rollercoaster de emoções com um GRAND FINALE:
... e eu trocava o "a minha sogra é" por "o meu (ainda) patrão é".
Pois que daqui do alto dos meus calabouços, até ao dia 31 de dezembro, nem à merda de um email em que lhe pergunto qual o meu horário nos dias 24 e 31 ele me responde direito.
É trágico-cómico perceber que pessoas com poder podem ser tão pequeninas e a achar-se no direito de magoar e ferir sem qualquer pingo de compaixão o outro só porque esse outro se recusou a lamber-lhe as bolas.
Mais do que isso, declaro aqui, que a partir de hoje recuso-me a passar mais uma noite de insónias, acometida por taquicárdia e diarreia (gráfico mas necessário) por causa de um animal bovino que a única coisa que faz é aumentar o efeito de estufa no nosso "pelaneta".
Tenho dito.
(Nenhum boi foi ofendido na realidade com este post. A mera indicação à raça bovina foi feita com intuito metafórico e não de ofensa corporal ou literal).
Estou cansada de ter tanta informação ao meu dispor ao ponto de acabar por ficar irritada com tanto "encontre o seu caminho", "mude a sua vida", "os astros mostram-lhe o caminho", "encontre a sua essência", e outros tantos Gustavos Santos que emergiram online nesta pandemia?
É que parecem cogumelos. E eu até curto ler sobre esses assuntos não fosse aqui a gaja também professora de yoga, mas é que já não se aguenta.
Todos escrevem sobre tudo. Todos são especialistas de tudo. Há um artigo para cada ideia, lista, momento, explicação.
#1 - Me aparecem pêlos púbicos transparentes com a espessura de fios de pesca
#2 - Me aparecem pêlos no queixo pretos e duros como se fossem pêlos púbicos
(Relacionando o ponto 1 com o 2 acho que o meu ADN tá meio confuso com o local onde colocar o quê, mas adiante)
#3 - Pânico porque não consigo manter a casa limpa, a roupa lavada e seca.
#4 - Decido que é uma excelente ideia começar o dia a secar roupa em lavandarias self-service, e como essa tarefa fica alocada na minha RAM o sono fica com luzinha vermelha em standby - o ecrãn tá a preto mas a luzinha tá vermelha para todos verem e de manhã continuou a gastar energia...
#5 - Deixo de ter paciência para dar "lições aos outros" e assim que começo mentalmente a escrever um guião para dizer a A, B, C quando me despedir daqui no último dia penso: "Que se fodam."
#6 - O meu sacro a.k.a. rabo, dói com a mudança de temperatura (sim, que aqui a gaja caiu de cu e partiu-o em fevereiro)
#7 - Fodi um joelho a sair do banho!!! (Logo eu que faço posturas de yoga bem mais complicadas do que assentar os pés no chão)
#8 - Fodi uma virilha, a foder.
Sempre me disseram que era a partir dos 30 que ia ver mudanças.
O que importa é sentir e não estar sempre a tentar descobrir e explicar de onde vem e como é o processo de sentir. (senão não sentes, pensas que sentes.)